quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Tarefa difícil essa de ir embora.


Eu odeio o teu silêncio e odeio quando me deixar ir embora.
Eu sempre fico.
Não tenho mais coragem de descer as escadas.
Me dá um medo de você não ir atrás.
De me deixar. Ir embora.
Eu por muitas vezes abri essa porta, sai.
Não apareci por semanas, meses.
E eu já experimentei ficar sem você.
Ver os filmes do Kar-Wai não tem a mesma intensidade.
Ouvir Cat Power é mais dolorido.
Ler Uma Aprendizagem ou o Livros dos Prazeres.
E querer que tu leia.
Escrever. Nossa. Escrever.
Escrevi cartas, tantas nas madrugadas.
Pra ti, só.
Não enviei.
E voltei.
Bati na porta.
E te encontrei refeito.
Eu pisei em desamores.
Fui ao médico.
Ele disse que não tinha remédio pro que eu sentia.
Tentei te esquecer com ópio.
Desisti.
Pois, gritava teu nome nas ruas.
Enfim.
Fiz o diabo a quatro!
Mentira.
Você não está refeito.
Falta algo.
Eu sei.
Isso ta demarcado com partidas e vindas.
Eu sei desse olhar.
Eu conheço esse corpo.
Eu mato minha sede na tua saliva.
Esse amor todo, esse amor todo.
Não sei.
Não posso te responder de onde vem!
Só sei, que está aqui permanente.
E se eu te disser agora.
Sem Ar.
Gaguejando.
Que te amo.
E que eu quero que você não me deixe ir embora.
O que faria?

7 comentários:

  1. Bem profundo né...
    Nem sempre ir embora significa pegar as coisas e sair...tem toda uma situação...um sentimento..uma reação!
    Podemos ir embora..mas as lembranças acompanham

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  2. "Eu mato minha sede na tua saliva.
    Esse amor todo, esse amor todo."


    Ai, desse amor todo!
    Até o pão se desmancha, sem gosto, na nossa boca sem ele, né?
    E só o achamos quando dizemos a nós mesmos nunca mais nos apaixonar por ninguém e nos fechamos por dentro. Estranho demais isso, hahaha.


    Adorei o post Rô, quero mais! :D

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  3. Ódio X Amor

    Odeio teu corte de cabelo;
    Odeio teu jeito;
    Odeio todos os teus amigos;
    E o fato de não ter inimigos;
    Odeio aquele jeito de sorrir;
    E também odeio quando passas por mim;
    Odeio quando não me ligas;
    E odeio mais ainda
    Se achar que me ligou.
    Odeio tudo em ti;
    Odeio o fato de não te esquecer;
    No fundo, odeio te odiar.
    Odeio ainda mais admitir
    Que só sei te amar.
    Odeio tua conversa,
    Mas detesto o teu silêncio.
    Não perdôo quando mandas,
    E também me chateio quando obedeces.
    Odeio tudo que te envolve.
    Odeio tudo.
    Mas o que mais odeio
    É não conseguir te odiar!

    PS.: Escrita em meados de 2005. Aparecerei por aqui sempre que o assunto for poemas ou textos... Adoro conversar com as pessoas através do que eu escrevo, contextualizar escritos... Parabéns pelo Blog, Roberta.

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  4. uauuu show de bola o post heim!!! parabéns roberta

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  5. Deixando uma observação.
    Esse meu texto foi inspirado em uma música do Chico Buarque, Olhos Nos Olhos.

    - Anders, lembranças é a bagagem que levamos, e ela é a mais pesada das bagagens.

    - Julia K, obrigada pelo comentário, sempre.
    Sim, irei postar mais coisas, filmes, música, rabiscos e livros.
    "Até o pão se desmancha, sem gosto, na nossa boca sem ele, né?" E sim, o pão, a comida, o cotidiano fica insosso.

    - Glecy, Seu texto lembrou-me em demasia '10 coisas que odeio em você'. HAHA!

    - Júnior, Continue vindo aqui. E obrigada por estar divulgando.

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  6. Adoro! Finalmente um blog dessa cidade com CONTEÚDO... que eu adoro diga-se de passagem!
    Parabéns meninas! E parabéns pelo texto Roberta, adoro esse estilo beirando a depressão... rs

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