sábado, 17 de dezembro de 2011

Uma pequena história sobre Canções de Apartamento.


Eis que bati na porta de um apartamento em Botafogo era  16:00 hs da tarde de metade de um ano chamado dois mil e onze.
Quem atendeu foi um menino chamado Cícero e logo me fez ter lembranças de uma infância nos bairros do Rio de Janeiro, precisamente o Centro da Cidade.
Verdade é que foi uma explosão dentro de um ser

Ele contou sobre...

“Cecília que saiu com seus balões em um mundo com pessoas de algodão para colorir e voar. Encontrou até o João com seu pé de feijão e perguntou se ele tinha um barco,como ele não tinha,  João resolveu ir arrumar as suas gavetas.  
Dentro de um apartamento fez um ensaio sobre ela e trocaram confissões pelo interfone no sétimo andar.
 Contaram sobre o caos de carnaval na Av. Rio Branco e dos tempos de pipa em que os vagalumes cegos não enxergavam nem sequer um ponto cego.

Ela era um sonho bom.
Ele queria falar sobre o disco do Tom Jobim.
Ela queria contar sobre seu apelido novo.
Ele não sabia se gostava de café com açúcar ou adoçante.

João lembrou dos Balões de Cecília, e disse: Ah, Dindi, seus balões cuidam do seu coração e eu odeio despedidas.
Mas, eu tenho que ir embora porque, o  dia vai raiar pra gente se inventar de novo.”


E foi assim que eu conheci um dos melhores interpretes do novo cenário da música carioca e foi naquela tarde de dois mil e onze que ouvi  uma voz doce e solitária ecoando sobre todos os cômodos de sentimentos.

Uma pequena história sobre Canções de Apartamento de Cícero Rosa Lins.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Clarice.

Clarice Lispector Para Poucos.
É assim que a vejo, por mais que sua imagem ande tumultuada e muitas vezes com frases e textos que nem são de sua autoria. Esse é o século XXI da febre de  pseudos.  Muitos autores sendo manchados pela incoveniência usada nas palavras em Status de Redes Sociais. O Que muitas vezes faz Millôr, Clarice, Caio, Leminski e tantos outros, de escritores a piadas. Existe um problema nacional do mal uso da literatura.

Pois bem, voltemos ao que importa.
Hoje fazem 31 anos sem Clarice, brasileira, pernambucana e misteriosa.
Amanhã fará 91 anos de idade.
Clarice era um personagem vivo, uma persona, que não largava nem mesmo no leito de sua morte ao bravejar  pra enfermeira que ela havia matado seu personagem. Esse tal personagem nunca morreu. Continua viva na Macabea oca de pedra, Naquela que como Kafka se tranforma em sua ilúcida metamorfose, na Lori e na sua paixão silenciosa. Citei essas três mulheres de Clarice, porque foram as que  marcaram-me com sua totalidade de vivência.
Eu, comecei a ler Clarice cedo, comecei a ter um amor inatingível por ela.
Torno a dizer que é algo sobrehumano.
Em cada livro seu, respiro o ar de seus cigarros e os movimentos de seus dedos em suas inspirações.
Proporcinando uma vida na dor.

Hoje acordei pensativa, com o pensamento basicamente nela, cansada porém sem tristezas, como dizia ela.
Hoje eu acordei pra imaginar como seria se ela estivesse viva, como seria suas lágrimas, como seria seus risos com seus amigos, como seriam os seus cansaços, como seria ela sentada com sua máquina de escrever,  se ela estaria com suas unhas pintadas de vermelha, bebendo coca-cola, comendo bolinhos, se esqueceria em seu cochilo o cigarro acesso, se estaria com seus olhos nitidos pra alma de outrem . Eu não sei como seria hoje, eu não sei.
Nessa mente pensante, hoje e por um ad infinitum, essa seria minha Clarice.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Quando o sol bate os olhos de quem acaba de acordar

Essa mania de se basear no meio comum é o que destrói todo relacionamento individual, inclusive os prefixados por “auto-“. Nunca dá certo, e é por isso que se vê tanta desgraça. Nós pensamos que inovamos o que é clichê com a fórmula que todo mundo usa... e nunca funciona. Não tentamos mudar, pelo simples fato que é ir de encontro aos pensamentos que reinam em cada geração, e simplesmente abrimos a mente e empurramos esses pensamentos, para que caibam mesmo na nossa vida, porque não queremos ser diferentes (e insistimos em dizer que somos sem nunca ter sido dado o primeiro passo. E eu não falo de aparências...). Mudar dói muito, espanta, assusta, mas o sofrimento dessa metamorfose dói menos que a condição de lagarta, enquanto há borboletas que reclamam de suas asas.

A partir de ontem, eu quero inovar regras e padrões. Ser ridícula e sentir-me confortável. Não quero mais lugares-comuns. “É preciso fazer escândalo, é preciso romper”, mas, infelizmente, falta fôlego para alguns e força de vontade para outros, e a sociedade continua com essas ideias comuns que nunca, nunca funcionam na nossa vida individual, na nossa vida egoísta. Todos nós temos o direito de sermos um pouco egoístas. Cansei de ver pessoas se anulando de todo, às vezes até eu mesma. Uma mudança de verdade só tem base firme quando se inicia de dentro, porque, quando é o contrário, ela dificilmente chega ao núcleo denso (e essa frase é um clichê que eu enfeitei).

E isso justifica (não de todo) o meu tédio incessante que se intensifica quando acordo e volto a essa sociedade medíocre da qual eu faço parte e ajudo a torna-la mais tola ainda; mas tento juntar forças e fazer o meu escândalo, não como ato de rebeldia, mas sim como um medo de que mudanças se ausentem. Gosto de me surpreender e inovar, mas me baseando no passado, porque os combustíveis que nos movem são os mesmos: perguntas, curiosidades, ambições, concorrências... O que fazemos com eles é que têm que ser diferente. (que ninguém leia isso e ache que estou pedindo demais; entendo esse “diferente” como “não-fútil”)