domingo, 27 de março de 2011

Perda da qualidade


Nada mais importava. E, pensando bem, por que continuar? Uma vida quase vazia, monotonia... Pra quê amar e lutar por uma vida sem essência?
Se ao menos tivesse esperança, se estivesse “ligada num futuro blue”... mas nem isso ela tinha. Se ela sonhasse... mas suas noites eram simplesmente o escuro. Nada de fantasias, nada de desejos. Ela, apenas ela e os seus sentimentos, que a própria não sabia do que se tratava. Raiva, medo, angústia, ou paz, alegria, esperança, coragem? Uma fusão desses sentimentos que ninguém conseguia separar. Vivia com medo. Extremamente pessimista, a cada passo que dava, imaginava uma tragédia, uma desgraça. Não era ela merecedora de méritos. Ou era?
Seus olhos são lacrados, molhados de medo. Ela não podia ver nada. Lembrava ainda com nostalgia do passado; o que se lembra foi o que viveu. O presente não era nada além dela sentada numa cadeira desconfortável assistindo sua vida [chata e monótona] passar numa tela de cinema. Ela imaginava, uma hora ou outra, que aquela ali, na tela, era ela, protagonizando a sua vida; mas não, o seu lugar na sua própria vida era sentada na cadeira, assistindo tudo passar.
Sinos imaginários poderiam tocar, mas as pessoas especiais que conhecia só lhe davam dor de cabeça por estarem tão... tão... longe, perto? Que importa! Nada mais importava. Quando ela teria finalmente a sua “hora da estrela”?
*" Juro que este texto é feito sem palavras. É uma fotografia muda. Este texto é um silêncio. Este texto é uma pergunta”.
[modificação de uma frase de Clarice Lispector]
Obs:Comentários não foram excluídos, mas, sim, o texto anterior (semelhante a este), porque o título estava errado. Desculpem-me.

4 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Esse é melhor texto que já li, não canso de dizer isso.
    Tem algo de ser, apenas.
    Sem nenhuma prentensão.
    Nada mais do que ser com mais de 20 muros internos.

    "- É aquilo ali, aquilo ali é muito parecido comigo." Elis Regina.

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  3. Sou muito grata, Roberta, por todos os elogios que você faz aos meus textos! São de grande valia para mim! E isso se estende a todas as outras pessoas que leem, acompanham e comentam, no blog ou não. Muito obrigada!

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  4. Muito lindo, seu texto... Parabéns!!!

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