Aos meus ouvidos, ao meu espelho, aos meus cadernos, ao vácuo repleto das minhas palavras de indignação. Ao meu rosto cansado do sal das minhas lágrimas. Se assim vivo, o modo como escolhi viver foi uma escolha não pensada, não discutida no meu silêncio característico. E aguardo uma tradução coerente do que acontece em mim. Um sonho de felicidade poderá ser real? Minha cabeça está ao avesso do avesso...
Verdadeiramente cansada desses discursos e conversas sem essência, ou de essência vazia, banal, quero romper e fazer escândalo, “minha alma grita pra libertar meu riso do embaraço, e soltá-lo da angústia desse laço que se prende e habita no meu peito”. E qual minha essência? De quais e quantas palavras vou precisar pra fazer escândalo? De quanta coragem? Há uma certa preguiça de encarar o novo, porque... há quanto tempo estou na inércia?
Acostumar é a maneira mais fácil, mas errônea de aceitar... a solidão, o ato de ceder e esquecer-se, o egoísmo desprovido de amor próprio. E esse medo de magoar, de perder? Qual a verdadeira razão de viver, e porque eu procuro sentido em tudo? Eu quero saber demais... ?
Existe alguém que mereça a tristeza da gente? Embora o nosso medo fale mais alto, correr riscos trabalha o nosso lado de humanidade, generosidade e compaixão. O quão compassiva eu sou? Quando foi a última vez que eu me arrisquei, que eu enfrentei, que eu fui compassiva comigo mesma? Quando foi a última vez que dei chances a mim ?
Não tenho a menor vontade de sair de casa, não tenho a menor vontade de viver, de existir. O que é a vida pra quem não tem esperança? A minha fé é tão pouca... E eu me sinto tão pouca, tão só, tão estranha e tão mesquinha, que as palavras de conforto soam a mesma ladainha em que eu quero acreditar sem conseguir. Os mais velhos leem meus olhos e ações, e dão o sermão: de algo adianta, se minha fé é pouca?
Eu não faço a menor questão de ser clara, objetiva, óbvia e de falar o que faz sentido. Será o motivo da minha solidão? Pra mim basta ser lida, ouvida, até mesmo criticada: Chico e Caetano são muito fodas, mas tampouco são eles que entenderiam a minha dor.
Você virou mais uma dessas personas que entende a dor de alguém, se alguém sou eu. não sei.
ResponderExcluir"Chico e Caetano são muito fodas, mas tampouco são eles que entenderiam a minha dor."